Depois de uma semana usando o Kindle Internacional, eu já posso fazer alguns comentários e relatar a experiência. Há quase dois anos, eu comprei o Sony e-reader PRS-505, que é a segunda geração de dispositivos com a tecnologia e-ink. Eu fiquei encantado com a ideia de que agora era possível ler sem a fadiga nos olhos que os monitores tradicionais proporcionavam. Eu tenho miopia e uso lentes de contato, isso faz esta tecnologia ainda mais atraente para mim. O monitor do Kindle é exatamente igual ao da Sony, os aparelhos também tem funções parecidas. O que varia mesmo é a conexão on-line e a grande biblioteca que a Amazon tem. O Sony possui uma leitura de documentos PDF nativa e a possibilidade de colocar dois cartões de memória simultâneos. Mas o grande atrativo do Kindle, a conexão on-line, era justamente o que afastava o aparelho do resto do mundo. Nos EUA ele ficou tão conhecido que já era possível ver pessoas lendo nos metrôs e livros vendendo mais na versão digital do que a do papel.
Cheguei a pensar várias vezes em comprar a versão americana do Kindle mas sempre desistia pelas quantidades de gambiarras que eram necessárias para comprar um livro. Além disso, a rede não funcionava aqui, pois eles usavam a tecnologia CDMA. Bom, mas o momento que todos esperavam chegou e a Amazon lançou a versão internacional com a tecnologia GSM. O interessante, é que o modelo de negócio vencedor permanece o mesmo com o usuário não tendo a menor idéia de qual a operadora está usando. A Amazon paga a conta, ou melhor, nós, via os livros e assinaturas. Mas, o importante é que não há mensalidade de nada… Quando eu liguei o aparelho pela primeira vez ele já tinha o meu nome na tela (ver foto) e ele achava que eu estava nos EUA porque eu mandei entregar em um endereço de lá. Bom, ai vem uma diferença entre o morador dos EUA e os demais. A Amazon tem um contrato agora com a AT&T nos EUA e no resto do mundo se paga roaming. Se você é americano e viaja para fora pode continuar recebendo assinaturas de jornais e comprando livros, mas é preciso pagar U$ 5 dólares por semana para receber revistas e jornais e U$ 2 por livros comprados. Para brasileiros e outros estrangeiros não há custo de assinaturas e os livros tem estes U$ 2 incorporados. A principio, seria lógico eu colocar nos settings na Amazon que o meu Kindle é brasileiro, só que tem mais um detalhe: a navegação Web. Este recurso é experimental e pode ser usado para navegar em páginas filtrando basicamente o texto, que é o que interessa. Esta navegação é bloqueada para brasileiros e liberada para americanos, que mesmo no exterior, navegam sem custo. A assinatura de blogs segue a mesma lógica, mas com a navegação da para usar de graça o Google Reader e outros… Logo, estou pagando os U$ 5 para assinar revistas e jornais como forma de deixar habilitado a navegação. Detalhe é que é possível comprar livros e outros conteúdos on-line ou no PC e depois transferir por USB. Com isso, se evita as taxas. Outro item que exige pagamento é quando se tem um arquivo PDF ou outro formato compatível e se quer ler no Kindle. A Amazon cria dois email: um seunome@kindle.com e o outro seunome@free.kindle.com. No primeiro, você envia um arquivo anexado e a Amazon converte e já envia para o Kindle, com um preço claro. No segundo, eles convertem sem custo e enviam de volta para você transferir via USB. O sistema de conversão funciona bem legal nos arquivos que experimentei.
Conforme eu comentei, o fato de estar on-line muda tudo em relação ao Sony. Poder ler Twitters, Blogs e textos de jornais que não estão no Kindle é uma experiência muito bacana. É uma alternativa ao iPhone ou laptop para quando se está com os olhos cansados ou na rua. Aliás, na luz do sol o display do Kindle é fantástico.
Assinei o jornal O Globo (único do Brasil até agora), NYT, PC Magazine (ok ainda não tem Macworld), MIT Tech Review, Time e Forbes. O mais bacana é que os conteúdos chegam direitinho todos os dias. Antes das 6 da manhã chega O Globo e ai pelas 9hs o NYT, todos os dias. As revistas vão chegando a medida que são publicadas. O bacana é que em qualquer lugar do mundo é possível continuar recebendo estes conteúdos, esse é o grande lance do Kindle. Agora, o ideal seria ter também uma conexão WiFi para não precisar pagar as taxas. Mas eu entendo a Amazon que pretende deixar o aparelho mais simples possível, e isso é o que se percebe.
A interface poderia ser melhor, mais intuitiva, mas uma vez acostumado tudo fica mais lógico. Demorei para perceber que no índice de jornais e revistas pode-se clicar no número de matérias ao lado de cada categoria para ter uma navegação pelas manchetes.
O conteúdo dos jornais e revistas poderiam ser mais ricos graficamente. São raras as fotos e infográficos. Isso tudo tem o intuito de deixar o arquivo mais leve e fácil de ser enviado pela rede wireless. Os jornais que vão chegando ficam bem destacados na home e os anteriores vão para uma pasta de antigos itens.
Outras duas funcionalidade que merecem destaques são a navegação pela Wikipedia e o dicionário (só em inglês). Qualquer palavra pode ser selecionada e aprofundada em um dos dois serviços. O dicionário poder ser usado off-line.
Vou continuar colocando impressões e observações a medida que vão surgindo com o uso, mas até agora a experiência é excelente e recomendo para todos. Quando tivermos mais jornais, revistas e livros em português e o custo dele no Brasil for menor a Amazon terá um vencedor nas mãos. Por falar em custo, ele chega aqui por algo em torno de R$ 900,00, com impostos e frete. Muita gente tem reclamado disso e apostado que não vai vender aqui. Mas se pensarmos bem, ele é bem menos do que um smartphone e para quem lê muito conteúdo importado, pode pagá-lo em pouco tempo…
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