Eu estava esperando pelo menos 24hs depois do anúncio do iPad para me manifestar. O meu interesse era ver as reações das pessoas nas redes socais e na mídia tradicional. Me parece que foi um filme que eu já vi, e o David Pogue também.
Mas antes, queria começar dizendo que há muitos anos mesmo eu queria um tablet da Apple e sempre acreditei neste formato. Acho que a medida em que a vida digital começa a se complexificar temos que ter janelas, como fala o Pierre Levy, para o ciberspaço que possam preencher vários momentos do nosso cotidiano. Este posicionamento do tablet entre o smartphone e o laptop é visto por muitos como uma artificializaçāo marqueteira ou ainda como sinônimo de supérfluo. Mas qual a essência do tablet? Sempre me incomodou em reuniões ou nas salas de aula as pessoas escondidas atrás de uma tela de laptop, isso se da porque o laptop é um aparelho projetado para ser consumido individualmente, como o PC. O tablet me parece um device mais social, ele não esconde ninguém das conversações e não limita a interação com a informação para aprimorar, e não limitar, a troca de conhecimento. Além das salas de reunião e de aula, a sala de estar é o outro grande momento do tablet. Eu me lembro de uma coluna do Nicholas Negroponte na Wired de 1998 em que ele comentava como a instalaçāo de uma rede WiFi mudou a sua relaçāo com a família (ps: sim ele instalou uma rede antes de ser comercialmente disponível). Negroponte falava que antes ele ficava no escritório isolado da família, que via TV e lia livros e revistas na sala. Com WIFI, ele levou o laptop para a sala e conversava entre as navegações. Hoje, estou escrevendo este artigo no meu iPhone diretamente do sofá da sala enquanto a minha mulher navega no seu MacBook AIR. Bom, com o iPad a coisa seria ainda melhor.
Feita esta introdução, o filme que eu já vi e comentei no começo é dos que acham cool criticar o que não existe e esquecer o que está lá. Foi a mesma história com o iPhone: no começo ele não tinha câmera boa, não tinha copy and paste, não tinha muitos softwares e hoje… bom… esse pessoal tem um iPhone. Desde o lançamento, eu vi várias pessoal falarem que ele não tinha câmera para videoconferência, multitasking, teclado revolucionário. Mas olhem o que ele tem: é o primeiro tablet com interface para tablet, teclado externo (também via Bluetooth) e saída para monitor que acabam com Netbooks e até, em alguns casos, o laptop. Depois de dois anos com o MacBook AIR eu descobri que tem coisas nos computadores pessoais que já morreram, como o leitor de CD/DVD.
A minha única decepção, foi ele não ter uma tecnologia de display que não emitisse luz de fundo, como o Kindle. Isso não me permite aposentar prematuramente os e-readers atuais. Mas em compensação, jornais graficamente ricos como a demonstraçāo do NYT me faz adorar ainda mais os tablets.
Por fim, não tenho certeza que o iPad vai ser um sucesso como o iPhone, me parece que nem a Apple tem esta expectativa. Mas ele vai vender muito bem porque tem sentido, é a velha máxima do Steve Jobs: você acha que não precisava de um Tablet antes porque nenhum outro produto anterior tinha sido pensado desde o começo para ser um.
Deixe um comentário