Para começar este telefone é uma variação do Galaxy S, portanto, tudo o que eu escrevi sobre ele de certa forma se aplica ao Nexus S.
O Nexus é uma marca que o Google escolheu para caracterizar um aparelho com o Android “puro”, ou seja, sem as interfaces que as marcas ou operadoras colocam em diferentes modelos. Ele é um aparelho que o Google mostra como deveria ser o Andorid. Ele sempre vem com o último sistema e é atualizado antes dos outros. Neste caso é o Android 2.3, o Gingerbread!
No ano passado a empresa escolhida para fazer o primeiro Nexus foi a HTC, mas este ano provavelmente pelo sucesso do Galaxy S a escolhida foi a Samsung. Resolvi adquirir este aparelho por significar o que é mais avançado no mundo Android e pelo novo sistema NFC, que vou falar mais adiante.
1 – Hardware:
Não vou falar muito sobre o visor Super AMOLED, que é lindo, ou outros aspectos porque já detalhei no review do Galaxy S. Ele tem diferente do irmão mais velho um visor que o Google chamou de “Contour Display”. Ele é um vidro em uma leve curva para ficar mais confortável de falar colado ao rosto. O pessoal do iFixit descobriu que é só o vidro e não o visor propriamente dito que é curvado. É bem bonito, mas na prática não faz muita diferença.
A câmera é também a mesma do Galaxy S, só que tem agora um Flash de LED e curiosamente não filma em HD. Só 720 x 480, isso deve ser bloqueado em software e ninguém entendeu porquê. Outra questão curiosa é que embora o chip esteja ali este aparelho não tem rádio FM.
Embora o sinal de 3G me pareceu igual ao do iPhone 4 o de WiFi era sempre muito menor como pode-se ver no vídeo. Mas não atrapalhou a ótima performance para navegar na Web. O Flash funciona bem, mas eu ainda prefiro deixar desligado e usar quando for realmente preciso.
2 -Software:
O Android 2.3, Gingerbread, trouxe algumas adições importantes. A mais clara para mim foi o teclado. Finalmente ele é multitouch como o iPhone e possibilita coisas como segurar uma tecla e esperar as opções de acento. Fica bem mais rápido mesmo, mas no geral ainda se erra muito mais do que no iPhone e a correção automática para o Português não é tão precisa. Mas, nesta área de input o que está cada vez melhor é o reconhecimento de voz. Ele pode estar presente em qualquer lugar, pode-se, por exemplo, ditar um email ou SMS com poucos erros, mesmo em PT.
O sistema de copy and paste e seleção de texto foi melhorado, mas ainda não está consistente em todo o sistema. Em algumas Apps, mesmo nativas, o sistema muda. Mas já é um avanço.
Outra percepção clara é a velocidade. Este é o primeiro Android que não me deixou esperando por nenhuma operação. Foi realmente um prazer pular de App para App sem tranqueiras. Com a nova geração de processadores duo core a experiência deve melhorar ainda mais.
Mas, de novo comparando com o iPhone as Apps que estão presentes nos dois sistemas como Facebook, Twitter oficial, Foursquare, NYT, CNN, TuneIn ou Evernote nenhuma possui interface ou funcionalidade melhores no sistema do Google. Eu diria que o único ponto que o Android leva vantagem é no compartilhamento de informações que é feito através de um plug-in no OS que permite que qualquer App esteja disponível para compartilhar informações.
Além disso, algumas Apps ainda estão com cara de 1.0 ao meu ver, como o Player de MP3 e o email. São básicas demais para um sistema que já está na versão 2.3.
A atualização do sistema pelo ar é perfeita, eu gostaria que a Apple olhasse para isso. Quando eu liguei pela primeira vez ele me disse que tinha uma atualização disponível, era para a 2.3.2.
3 – NFC:
Esta é a sigla para Near Field Communication, uma tecnologia prima da RFID que está demorando para pegar, mas tudo indica que este ano vai. A Apple deve lançar nos próximos aparelhos e vários outros Androids já foram anunciados. Ela permite trocas de informações via ar de uma etiqueta em um cartão ou cartaz com o aparelho. Ainda pode ter uma troca direta entre aparelhos. Olhem esta pesquia do MIT que eu participei em 2008 para ter uma ideia. Ela foi patrocinada pela Nokia, que como sempre não soube capitalizar o pioneirismo. A empresa da Finlândia tem o chip NFC em aparelhos para o mercado local na sua sede e agora no C7, mas precisa de update futuro para funcionar.
4 – Bateria:
Aqui está uma das minhas maiores reclamações para o uso cotidiano. Mesmo com uma bateria de 1500 mAh ele ainda não dura um dia inteiro de uso médio. Para atrapalhar mais ainda o mostrador de carga engana, quando mostra meia carga na realidade pode faltar 31%. Depois disto ele fica amarelo. Estranhamente há um bug que nunca mostra 100% de carga. Já começa o dia em 97%. Só como comparação, o iPhone 4 tem uma bateria de 1420 mAh, mas dura muito mais.
O visor AMOLED come muita carga, é preciso deixar pelo menos na metade do brilho. Também é interessante desligar o 3G se não for necessário. Isso ajuda a trabalhar no limite de um dia comum de uso.
Um dos problemas do sistema no meu entendimento é que cada App que esta ligada à rede faz uma requisição de tempos em tempos, como Twitter, Facebook, Android Market e por ai vai. A Apple solucionou isso fazendo o Push Notifications para todas as Apps, assim há uma requisição única.
Conclusão:
Por causa destas questões de bateria é difícil aconselhar ainda o Android para novatos. A pessoa tem que saber mexer nos settings para personalizar a experiência. Me parece que o iPhone tem ainda um controle mais inteligente do que é preciso trabalhar em background ou não. Além de optimização de áudio e vídeo para não gastar muita bateria. Detalhes de acabamento ainda não estão presentes, como receber uma chamada e o som baixar e depois retomar. Nos meus testes sempre deu probelma.
Mas o Android vem se tornando uma experiência cada vez mais madura. O fato de estar muito rápido foi a grande surpresa e já permite concorrer em um nível parecido com a Apple. Quem quiser se aventurar na plataforma eu aconselho este aparelho, pois além de ter o último sistema operacional há uma garantia de mais atualizações do que os outros aparelhos.
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